Friday, December 3, 2010

Portugal é dos países europeus com mais desigualdade social

“As disparidades são muito pronunciadas em Portugal, o que faz do país o mais assimétrico da União Europeia”, afirmou, esta tarde, Jorge Sampaio, ex-presidente da República, na apresentação do livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores”, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa.

Dados de 2007, reunidos no livro, inserem Portugal na lista dos países da União Europeia (UE) em que existem maiores desigualdades sociais. Baixos rendimentos e falta de escolarização e qualificação dos portugueses contribuem para o agravamento da pobreza.

“Em 2009, o desemprego aumentou muito”, afirmou Jorge Sampaio, alertando que, dado o contexto actual, a tendência é para um agravamento do problema. De acordo com dados do livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores”, que o ex-presidente da República destacou, Portugal é dos países da UE onde a distribuição de rendimento é mais desigual. Jorge Sampaio sublinhou existirem em Portugal “500 milhares de trabalhadores pobres”.

Em termos de qualificação, os dados também não são animadores. Segundo Jorge Sampaio, Portugal tem um “capital humano bastante desqualificado” e uma taxa elevada de abandono escolar. “A relação entre desemprego e escolaridade não é linear”, referiu o ex-presidente da República. Assim, mesmo para quem tem qualificações, o emprego que existe é pouco.

“Não basta fixar metas” para acabar com a pobreza, defende Jorge Sampaio. “Não fugimos a um plano de austeridade, mas é preciso um plano de longo prazo para reduzir as desigualdades”, defendeu. Apostar na qualificação dos portugueses e elevar os níveis educativos é essencial. O que está em causa não são questões de ordem financeira, mas alterações na organização e regras de funcionamento, acredita Jorge Sampaio. “Não há desculpas” para a inexistência de reformas.

Diogo Freitas do Amaral, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e professor de Direito, alertou para o problema das habitações sociais. “Existem, em Portugal, 200 a 250 mil pessoas que vivem em barracas, nas condições mais indignas de qualquer ser humano”, afirmou, acrescentando que o combate à pobreza passa por um debate sobre habitações sociais.

Freitas do Amaral sublinhou a necessidade de compreender como têm outros países conseguido lidar com a questão das desigualdades e seguir exemplo.

O livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores” foi coordenado por Renato Miguel do Carmo, do Observatório das Desigualdades do ISCTE.

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